Durante os anos que se seguiram conheceu apenas as reacções próprias dos instintos naturais, pois os acessos de cólera levavam-na a obter dfacilmente tudoo que era necessário à sua existência material.A vida de Helena Keller mudou completamente por volta dos 7 anos. Miguel Anagnos, Director da Perkins Institution, de Boston, recomendou a ex-educanda AnaSullivan para tentar a sua educação.
Jovem de 20 anos, filha de imigrantes irlandeses, Ana Sullivan estivera cega num período da sua vida em consequênciade tracoma, mas duas operações haviam-lhe restituído praticamente a visão. Helena Keller, embora dotada de vigorosa saúde física e de intelectualidadeainda relativamente intacta, teria permanecido no mundo animal se, nos limites do tempo útil para a sua recuperação, não houvesse sido entregue à extraordináriaprofessora que lhe forneceu o elemento fundamental para o desenvolvimento da inteligência - a linguagem.
Assim, e vencendo todas as dificuldades, veioa ser uma pessoa distinta e muito instruída, que se formou numa Universidade e obteve brilhantes notas nos exames de idiomas.A vida mental de Helena Keller foi muito activa, repartindo-se entre a meditação, a leitura, a conversa com os seus íntimos, o cuidado de uma numerosa correspondênciae os seus trabalhos literários. O seu estilo foi adquirindo categoria e evoluiu com o tempo.
A princípio escrevia sobre tudo: clima, história, edificações e geografia das terras que ia estudando; reais e imaginários companheiros da sua idade; paísesde fadas...pelo seu direito de viver, de se instruir e ter uma profissão. Lia muito sobre os problemas da cegueira (a unificação do Sistema Braille, os métodos dede poder discutir e escrever competentemente a respeito deles.A AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM. - Helena Keller era cega, surda e muda desde a mais baixa infância.
A maneira como esta tripla deficiência foi compensada atraiuMuito resumidamente, referiremos que foi suficiente traçar-lhe certos sinais na mão, enquanto ela tocava os objectos, para que em vinte dias compreendesseque toda a ideia está representada por um signo especial, graças ao qual os homens podem comunicar entre si. Um mês e meio mais tarde conhecia pelo tactoos caracteres do alfabeto braille; passado mais um mês conseguia escrever uma carta a um dos seus primos. Ao cabo de três anos tinha adquirido uma quantidadede ideias e de palavras suficientes para conversar, ler com inteligência e escrever em bom inglês.
Houve então a ideia de a fazer tocar os movimentos da faringe, dos lábios e da língua que acompanham a palavra. Imitando estes movimentos, conseguiu reproduziros sons que se articulavam na sua presença. Um mês depois da primeira aula de articulação, num som cavo e aspirado, pronunciou a célebre frase "já nãosou muda."Ana Sullivan prosseguiu este paciente trabalho com Helena Keller durante toda a vida. Os começos foram difíceis, mas a coragem de ambas levou Helena a poderfalar, isto é, a poder exprimir as ideias pelo som.
Nunca chegou a falar em público de maneira satisfatória, mas, em compensação, logrou especializar-sena leitura de lábios pelas vibrações. Pondo a mão nos lábios do seu interlocutor, conseguia perceber as suas palavras com os dedos, principalmente quandoa voz era clara e sonora. Enfim, não contente com dominar o seu próprio idioma, estudou o francês,o alemão, o latim e o grego.
Escrevia corretamente o francês, que começou a estudar aos 9 anos e a seu pedido; estudou o alemão para conhecer directamenteas grandes obras da literatura germânica; estudou também o latim e o grego, que lhe exigiram para os seus exames universitários.
Helena Keller compreendeu que toda a ideia está representada por um signo especial; e, servindo-se apenas do sentido do tacto, rasgou três caminhos parao mundo das ideias.Fonte: José Antonio Baptista Porto 23 de junho de 2005
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